sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

No início era "- É a Economia, estúpido!"

Uma das características mais significativas da mentalidade dominante nas Sociedades mediatizadas, urbanizadas e globalizadas do Presente é a tendência que crescentemente se verifica para reduzir todo o pensamento político e até filosófico aos estreitos ditames das designadas, talvez imprópriamente (isso seria uma outra discussão interessante...), Ciências Jurídicas e, sobretudo, das Ciências Económicas.


 Procurando refúgio seguro em certezas científicas, que aliviem as angústias de uma quase absoluta perda de referências filosóficas, morais e éticas, as modernas Sociedades ocidentais, órfãs da Ideologia e da Religião, outrora imperantes, e severamente colonizadas pelos pensamento e cultura geral anglo-saxónicos - que se fundam no individualismo e na busca da riqueza material como objectivo quase supremo - adoptaram algumas trivialidades da Economia como pilares fundamentais da sua própria idiossincrasia, de uma forma gradualmente acrítica e indiscutível, mas que tem o poder de conferir uma imensa convicção à formação e sedimentação daquilo que usualmente se designa por "senso comum" e que, uma vez assumido esse estatuto, passa a constituir uma espécie de sapiência básica e inquestionável de todos os estratos da Sociedade.


Um dos mais famosos "clichés" que ilustra esta evidente constatação é o célebre aforismo que escolhi para primeiro título deste novo espaço de crítica despretensiosa e que, na sua essência, pretende significar que a Economia produz sempre as respostas certas e infalíveis para as questões erradamente respondidas pela ignorância ou pela própria imbecilidade.


É a Economia, asseguram-nos, que nos salvará enfim da nossa estupidez primordial, ou atávica. Não estou de acordo com isto e, apesar de haver muitas provas e evidências nesse sentido, penso que pode ser útil ajudar aqui a desmontar esse mito gigantesco.


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