sexta-feira, 12 de outubro de 2012

terça-feira, 2 de outubro de 2012

PAGAR O QUE DEVEMOS (Fábula moderna, dedicada ao incansável João C. das Neves)



Imagine-se um belo "País" que, como uma família normal, vivia honestamente, trabalhava, poupava e morava numa modesta casa, hipotecada e da qual faltava ainda pagar, digamos assim, uma certa percentagem ao Banco que lhe concedera o crédito.


  Esse "País", a que doravante vamos chamar Lusitânio, também tinha um carro, adequado às suas necessidades, o qual havia comprado recorrendo a um empréstimo, estando ainda a alguns anos de concluir o respectivo pagamento.


   O Lusitânio e a sua Família, um belo dia, são confrontados com os Bancos a quem devem, os quais, súbitamente em apuros financeiros, exigem de chofre todo o dinheiro ainda em dívida.


    Aconselhando-se com as suas "melhores amigas", velhas matrafonas conhecidas lá no Bairro por Imprensa da Purificação e Maria da Comunicação Social, e com um velho professor seu (de Economia Doméstica), o Lusitânio concluíu convictamente que a melhor solução para a sua Família seria, de facto, empobrecer, efetuar "reformas estruturais", liquidar todas as suas dívidas e, assim, voltar a ser "competitivo", para poder recomeçar a "crescer"!


       E, se bem o pensou, melhor o fez: vendeu ao desbarato o carro e a casa, foi morar para um T1 na Rinchoa, tirou o Filho mais velho da Faculdade e o mais novo da Escola Técnica, despediu-se do seu emprego na outra banda, para não ter de comprar o passe social, e foi todo lampeiro ao Centro de Emprego mais próximo, sentindo-se agora muito mais "competitivo", procurar um trabalho a preceito lá no seu Bairro...


        Algo intrigado, ao cabo de algumas semanas descobriu afinal que, sem dinheiro para se vestir e calçar decentemente, nem sequer para se barbear, o único "emprego" que conseguiu arranjar foi o de... "arrumador de carros" em Albarraque, no "turno" das dez às duas da noite!


      E, assim, lá teve ele de explicar à sua Mulher que, agora sim, tinha o seu nome de novo limpo no "mercado", podia voltar a poupar e, um dia, fazendo bem as contas, talvez daqui por uns setenta anos, conseguiria voltar a pôr os Filhos de novo a estudar e até, eventualmente, a comprar uma biciclete usada, para não ter de ir trabalhar descalço!


     E foi, muito contente, agradecer a todos os que lhe tinham indicado o rumo certo para a sua vida e lhe haviam ajudado a voltar ao "bom caminho"...


        Infelizmente, quando chegou a casa nesse dia, a sua Mulher e os seus Filhos, uns ignorantes e mal-agradecidos, tinham-lhe preparado uma surpresa que o pobre Lusitânio nunca mais pôde esquecer nos dias da sua miserável e triste vida: UM VALENTE CHUTO COLECTIVO NAQUELA PEIDA!

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

A CULPA É MAIS DA "TROIKA", OU... DA QUADRILHA (Cavaco, Gaspar, Passos & Portas)?


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Tal como muitos observadores moderados à Esquerda, também eu concordo que a "troika", embora com bastantes responsabilidades próprias, é menos culpada pela situação presente em Portugal do que o atual "governo".

A vinda da "troika", altamente desejada pela Direita dos interesses materiais, foi no fundo o alibi perfeito para impingir, a um País e um Povo desorientados e exaustos de guerrilha politiqueira, institucional e, sobretudo, jornalístico-judicial, um fulminante retrocesso político e económico sem paralelo na História da Democracia portuguesa!

Continuar a discutir a "troika" e este "governo" sem perceber a monstruosa estratégia do grande Poder financeiro internacional - aquilo a que um velho Marxista chamaria o "grande Capital" -, ancorada na atávica e beata mentalidade salazarenta dos portugueses mais ignorantes e destituídos de formação e consciência políticas - autênticas marionetas nas garras da Comunicação Social tablóide e televisiva! -, é passar completamente ao lado do essencial, a saber:

Estamos aceleradamente a caminho de um novo 24 de Abril, social, financeiro, mental e cultural, ainda que sob o manto diáfano de um 25 de Abril formal e institucional!

Esta é que é a verdadeira FRAUDE MORAL da atualidade portuguesa e os maiores responsáveis por ela são: uma intelectualidade gaiteira, deslumbrada, vaidosa e decadente, uma classe privilegiada arrogante, insensível, vingativa e debochada e uma classe política senil, cega, autista e míope.
 
 
MAS TODOS, A SEU TEMPO E MODO, HÃO-DE PAGÁ-LAS!

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segunda-feira, 7 de maio de 2012

E, se calhar, a última palavra sobre a Crise, afinal...

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... tudo indica, a partir de ontem, "TMP", que NÃO irá ser dita por cavaco, gaspar, ou coelho:


- PARECE QUE O ELEITORADO FRANCÊS TEM OUTROS PLANOS PARA PORTUGAL (e ainda bem...)!!!
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terça-feira, 3 de abril de 2012

INCOMPETENTES MUITO PERIGOSOS!

Se algum de nós fosse ao Médico e ele nos dissesse que não previa que o medicamento que nos receitou nos desse febre, ou provocasse qualquer outro tipo de efeito, considerando-se perplexo com isso, o que pensaríamos dele?
Ou de um Piloto que comunicasse à cabine que não conseguia compreender por que razão o aparelho continuava a descer, quando ele estava a fazer tudo para o manter na rota?
Pois é, muito medo...
E até parece mentira (de anteontem), mas acabo de ouvir algo de igualmente inacreditável e preocupante na Rádio pública («Antena 2»), pela boca de um dos representantes da «Troika» que nos está a "medicar". Diz o pobre coitado (ao menos parece honesto...) que se encontra "espantado" com o aumento do desemprego em Portugal e que, "pelas contas da «Troika»", isso "não deveria estar a acontecer"!!!
  A minha estupefacção aumentou mais ainda quando o senhor disse, numa espécie de Inglês Técnico, que este imprevisto e inexplicável aumento do desemprego em Portugal, vejam só, até "pode compremeter os objectivos de cumprimento do défice para este ano"!
  É impressão minha, ou estamos entregues, nem digo a "endireitas", mas a autênticos "sapateiros", pensando que estamos no bloco operatório de S. José (ou já nos Cuidados Intensivos dos Capuchos)??!
    E para não nos ficarmos por aqui, depois deste autêntico e arrepiante festival de desnorte, o mesmo senhorzito, depois de alarmantemente nos informar de que este fenómeno do desemprego nos 15%, para ele incompreensível, nos podia impedir de atingir os objectivos do défice este ano, teve a suprema lata de afirmar que estava convencido e nos podia "assegurar" (!) que certamente Portugal não irá precisar de um segundo pacote de auxílio!!!
   Para quem é que esta gente pensa que está a falar? Ou será que a culpa é nossa, que comprámos coelho por lebre, não só na gama do produto nacional, mas igualmente na gama internacional?
    Tirem-nos deste Filme, por favor, e bem depressa...



sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

No início era "- É a Economia, estúpido!"

Uma das características mais significativas da mentalidade dominante nas Sociedades mediatizadas, urbanizadas e globalizadas do Presente é a tendência que crescentemente se verifica para reduzir todo o pensamento político e até filosófico aos estreitos ditames das designadas, talvez imprópriamente (isso seria uma outra discussão interessante...), Ciências Jurídicas e, sobretudo, das Ciências Económicas.


 Procurando refúgio seguro em certezas científicas, que aliviem as angústias de uma quase absoluta perda de referências filosóficas, morais e éticas, as modernas Sociedades ocidentais, órfãs da Ideologia e da Religião, outrora imperantes, e severamente colonizadas pelos pensamento e cultura geral anglo-saxónicos - que se fundam no individualismo e na busca da riqueza material como objectivo quase supremo - adoptaram algumas trivialidades da Economia como pilares fundamentais da sua própria idiossincrasia, de uma forma gradualmente acrítica e indiscutível, mas que tem o poder de conferir uma imensa convicção à formação e sedimentação daquilo que usualmente se designa por "senso comum" e que, uma vez assumido esse estatuto, passa a constituir uma espécie de sapiência básica e inquestionável de todos os estratos da Sociedade.


Um dos mais famosos "clichés" que ilustra esta evidente constatação é o célebre aforismo que escolhi para primeiro título deste novo espaço de crítica despretensiosa e que, na sua essência, pretende significar que a Economia produz sempre as respostas certas e infalíveis para as questões erradamente respondidas pela ignorância ou pela própria imbecilidade.


É a Economia, asseguram-nos, que nos salvará enfim da nossa estupidez primordial, ou atávica. Não estou de acordo com isto e, apesar de haver muitas provas e evidências nesse sentido, penso que pode ser útil ajudar aqui a desmontar esse mito gigantesco.